Palavras do Brasil - T1Ep#1 (Abacaxi)

Palavras do Brasil

04-10-2021 • 3 mins

A infrutescência de nome científico Ananas comosus apresenta um gosto ácido e adocicado. Símbolo de regiões tropicais e subtropicais, a fruta amarela de casca áspera e coroa verde e espinhenta é bastante consumida em diversas partes do mundo. E embora nem todo mundo aprecie pedaços de abacaxi na pizza, a versatilidade da fruta permite seu uso em pratos salgados, mas também em pratos doces. Além disso, ela é usada no preparo de bebidas alcoólicas como a piña colada e não alcoólicas como sucos e vitaminas. Conhecido como ananás em outras bandas, no Brasil, o abacaxi costuma ser consumido também em churrascos, pois, devido à concentração de bromelina em suas fibras, auxilia na digestão de carnes pelo organismo.
Até pouco tempo, era consensual que a palavra fosse oriunda da junção dos termos tupi ybá (fruto) e kati (que exala cheiro agradável), ou seja: fruto cheiroso. No entanto, em artigo intitulado “Reavaliando a etimologia de abacaxi a partir de novos dados histórico-filológicos” publicado na Revista Filologia e Linguística Portuguesa da Universidade de São Paulo em 2020, o professor e pesquisador Bruno Maroneze da Universidade Federal da Grande Dourados indica que a etimologia atualmente consensual deve ser tratada como controversa. Considerando questões fonético-fonológicas e histórico-filológicas, a etimologia consensual é questionada pois a transformação de “ybá-kati” em “abacaxi” não apresenta alternâncias fonéticas prováveis e, além disso, documentos indicam a existência prévia da palavra, datada do século XVII, para indicar um povo indígena já extinto, um afluente do Rio Amazonas localizado próximo a terras desse povo e uma missão jesuíta ocorrida na região.

Na gíria brasileira, abacaxi também significa um “problema”. Considerando a dificuldade que é literalmente descascar um abacaxi, a expressão “descascar um abacaxi” significa “resolver um problema”, “livrar-se de uma situação complicada”.

--
Link para acesso ao artigo do Professor Bruno Maroneze: https://www.revistas.usp.br/flp/article/view/166154

You Might Like